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CRISTINA BRAGA - ESPÍRITA E JORNALISTA

CRISTINA BRAGA - ESPÍRITA E JORNALISTA

 

 

‘Nos Passos do Mestre’ estreia dia 24 de março nas telonas

Documentário dramatizado apresenta a vida e obra de Cristo, realizado através de pesquisa espírita com uma visão até hoje inédita a cerca deste grande personagem.

 

O diretor e roteirista André Marouço realizou com “Nos Passos do Mestre” o documentário filmado em Israel, Egito, Turquia, Itália e no Brasil. O longa apresenta dramatizações de trechos da vida de Jesus Cristo e de Allan Kardec, fundador do espiritismo e mostra Jesus como um educador e pacifista por excelência. Pontos polêmicos são levantados sobre trechos como a virgindade de Maria, a Ressurreição de Lázaro e do próprio Jesus; e a "traição" de Judas. Na exibição feita dia 14 de março no Cinemark do Shopping Cidade de São Paulo - para apoiadores do projeto, a repórter Cristina Braga conversou com o diretor André Marouço, que também dirigiu‘O Filme dos Espíritos’ (2011) e ‘Causa e Efeito’(2014). O diretor também é frequentador do Centro Espírita Nosso Lar Casa André Luiz.

O que motivou a fazer um filme com essa temática? 

André:  Não podemos dizer que foi o acaso, porque ele não existe. Fomos procurados pelo amigo e psicólogo Adão Nonato, que tinha um desejo antigo de ir aos territórios sagrados para palestrar sobre a vida e obra de Jesus. O desejo dele é que fosse em esperanto, então, reunimos pessoas que tornassem isso uma possibilidade. Entendemos que podíamos adicionar a isso, um documentário, para filmar os locais mais significativos tanto do velho quanto do novo testamento.  Fomos duas vezes aos territórios e o projeto foi sendo gestado ao longo dos últimos sete anos.

Quais os pontos convergentes e divergentes sobre a vida de Jesus em relação a visão cristã tradicional?

André: O convergente é muito simples: Jesus é igual a amor; é o que creem os católicos, evangélicos – o maior pacifista que esteve na Terra. Marcou antes e depois Dele. O que diverge é que nós buscamos nos aproximar menos daquilo que a religião dizia, mas muito mais em cima do que a história diz. O curador do documentário é o professor Doutor Severino Celestino que leciona na Universidade Federal da Paraíba ciências da religião e estudou o hebraico. Ele defende ao lado de outros estudiosos do velho e novo testamento que os livros ditos sagrados ao longo dos séculos não só sofreram traduções tendenciosas como foram tendenciosamente alterados. Buscamos entãonos aproximar do que a história e o conhecimento da lei judaica trazem. Alguns trechos, por conta disso, podem chocar, mas nós temos a obrigação de passa-los tal qual a história aparece como a   Virgindade de Maria, Ressureição de Lázaro e do Cristo.

Judas não aparece como traidor?

André: Não acreditamos na traição de Judas. E, com isso, são pontos que podem incomodar os religiosos; especialmente os católicos e evangélicos, embora esse não seja nosso intuito, não nos arvoramos como os donos da verdade. Queremos é dar nossa contribuição. Muito católico já filmou sobre Jesus, está na hora do espírita, fazer a sua versão dos fatos e as pessoas têm o direito de concordar/discordar. É o livre pensador.

Como conseguiu captar recursos ao longo dos 7 anos?

André: Graças a Deus até hoje só uma das nossas obras contou com aporte   do recurso das leis de incentivo. No geral, nossos filmes não precisariam do dinheiro do imposto. Conseguimos realizar nossos filmes por meio dos espíritas. Todos os anteriores e este especialmente.  Para os ‘Passos do Mestre’ lançamos uma ferramenta de crowdfunding(financiamento coletivo) pela internet. Mais de 900 espíritas entenderam que a mensagem precisa ser divulgada e nos auxiliaram, assim demos conta do recado. Por esse método, captamos R$120 mil, mas contamos com recursos capitaneados ao longo do tempo de empresários espíritas do próprio aporte da FEAL (Fundação Espírita André Luiz) que conta com parque tecnológico e recursos humanos capacitado para fazer tevê. Em ternos de grandeza é uma peça com custo geral de R$ 600 mil mais ou menos.

Como você dividiu as locações?

André:Fomos duas vezes nos territórios sagrados. A primeira em 2009 (Israel e Egito); em 2013 (Israel, Egito, Turquia e na Itália) com só captação de imagem e de alguns depoimentos e de volta para o Brasil trabalhamos no roteiro do filme, na contação da história e as filmagens com os atores foi feita aqui no Estado de São Paulo.

Os seus outros dois filmes complementam esse?

André:Eu diria que se apoia na tríade espírita: ciência, filosofia e religião. ‘O Filme dos Espíritos’ trata da obra basilar da Doutrina Espírita que é o ‘Livro do Espíritos’e conta a história de um psiquiatra que vai se matar, descobre o livro e há todo um desenrolar da trama. O segundo é ‘Causa e Efeito’ explica o mecanismo por meio da racionalidade da tríade e esse que é o docu- drama, documentário com dramatizações.

O filme com temática espírita ou baseado em obras consagradasé uma tendência na cinematografia?

André: Não sei dizer se é tendência, mas o fato é que, desde 2006, com o filme sobre Bezerra de Menezes, temos tido uma produção cinematográfica espírita de quando em quando, bem recebidapelo público. Cinema é um negócio; na medida que a indústria ver isso como filão que pode e deve ser coberto naturalmente ocorrerão mais filmes. Pessoalmente, creio que é uma excelente forma de divulgar a Doutrina e os espíritos superiores vão se valer disso. Assim como o Espiritismo começou no século 19 por meio do fenômeno conhecido como mesas girantes, hoje os microfones e câmeras para os espíritos são a mesa da vez.

 

Acesse o site oficial do filme: http://nospassosdomestreofilme.com.br

 

  • Cristina Braga é jornalista e  frequenta a Sociedade de Estudos Espíritas 3 de Outubro.

 

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Entrevista Celso Martins

por Cristina Braga

O escritor Celso Martins é autor do livro “Três Espíritas Baianos” (Madras Editora). Nele são enfocadas recordações de personagens que fizeram parte da história do Espiritismo no Brasil: Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim e Leopoldo Machado. Em uma época em que os espiritualistas tinham de prestar contas na delegacia, eles defendiam e difundiam os ensinamentos da Doutrina Espírita sem temor, por meio de seus artigos publicados em periódicos, jornais e livros. Ilustrado com fotos históricas inéditas, este é um trabalho de resgate à memória do Espiritismo no Brasil. Conversamos com Celso Martins sobre a obra:

 

EV- Como surgiu a idéia de escrever um livro sobre os três espíritas?

Nasci em um lar espírita e conheci de perto mais de 300 lideres espíritas. Um dia escrevi  ao psicólogo e historiador Eduardo Carvalho Monteiro a quem forneci dados sobre a história da Rádio Rio de Janeiro, para que ele lançasse pela Madras,  os “Cem anos de Comunicação Espírita em São Paulo”. Logo o Eduardo interveio e resolvemos lançar antes “Os Três Espíritas”, pois o livro saiu com fotos raríssimas.

EV- Você conviveu com algum deles?

Vi o Leopoldo algumas vezes, como narro no livro. Primeiro, em 1952, na Sociedade Espírita Humildade e Caridade, o mais antigo centro de Nova Iguaçu (1913), depois no Centro Espírita Fé, Esperança e Caridade palestrando sobre suas viagens. Convivi com sua irmã Leopoldina (1960 até 1972). Já o Deolindo  conheci primeiramente ouvindo-o pela Rádio Guanabara, a atual Radio Bandeirantes do Rio de Janeiro, no programa Seleções Espirtualistas, passamos a trocar cartas e telefonemas. Escrevi em parceria com ele o livro “Ponto de Encontro”, pela Gráfica Editora Dólar/ABC do Interior,em  Conchas,SP.Desencarnado em abril de 1984,reuni seus escritos em livros e lancei obras com artigos meus e dele.Assistia  a suas palestras.Finalmente Imbassahy só o vi numa semana espírita de Nova Iguaçu(mais detalhes no livro “Uma visita aos arquivos implacáveis de Imbassahy” )do saudoso Alberto de Souza Rocha e do filho único do Imbassahy, o Carlos de Brito Imabassahy, edição CELD

EV- Como fazer para adquirir o livro?

Basta encomendá-lo pelo fone ( 08007071206). Cartas para Celso Martins: Caixa Postal 61003-Vila Militar-CEP: 21615-970 Rio de Janeiro-RJ.

(FOTOS)

Carlos Imbassahy nasceu 9 /9/ 1883  e desencarnou  4 /8/1969-Jornalista, orador espírita.Redator da revista O Reformador, publicada pela FEB, e um dos mais importantes defensores e divulgadores do Espiritismo.

 Leopoldo Machado nasceu em 30/9/1891 e desencarnou em 22/8/1956. Foi um das figuras mais importantes do Espiritismo brasileiro. Poeta, escritor, dramaturgo, orador e ativista, Leopoldo deu uma das maiores contribuições revigorando  as Mocidades Espíritas.

Deolindo Amorim, nasceu em 23 de janeiro de 1908, jornalista, escritor, sociólogo  espírita, desencarnou em 24 de abril de 1984. Foi um grande didata a serviço do pensamento espírita. De personalidade serena e afetuosa, lutou incessantemente contra a corrupção do pensamento doutrinário e pelo entendimento da obra de Allan Kardec, sempre de forma elegante e independente.

 

Na tela mental

 A importância e relevância de nossos pensamentos

                                                                       

por Cristina Braga

 

Grandes religiões do oriente sempre expressaram a importância da mente sobre o corpo e como os pensamentos e sentimentos fazem uma interface direta com nossas vidas.

Uma área da ciência médica a Psicomedicina-sistema terapêutico onde corpo, mente e psique constituem uma unidade integrada- está revolucionando a arte de curar. Nos laboratórios, múltiplas experiências provam de maneira irrefutável que os processos mentais e psíquicos possuem a capacidade de transformar o corpo e modificar seu metabolismo. A simples emissão de pensamentos desloca milhões de moléculas, cria novas formas no cérebro, estrutura interações celulares e moléculas inéditas, reforçando o conhecimento dos laços reais entre nossos pensamentos e emoções nas reações do organismo.

Prova-se que fenômenos como a hipnose pode substituir a anestesia, meditação faz baixar a pressão arterial e ainda, manter o moral elevado pode incrementar o sistema imunológico. Todos testemunham que a mente e a psique exercem mesmo uma ação sobre a matéria. Indo mais além, demonstram que nada os separa: mente, psique e corpo constituem uma unidade integrada, interagindo o tempo todo-para o nosso bem, e para o nosso mal. Tudo depende de nós mesmos.

Esse é um passo importante, só faltando a ciência admitir formalmente a existência de um quarto elemento: o espírito, mas isso pode ser apenas, questão de tempo.

Se o nosso pensamento tem uma força vital interativa, porque não o exercitarmos constantemente a fim de criar uma outra realidade em torno de uma aura de vibrações mais elevadas? A única maneira que possuímos para desenvolver uma qualidade é exercitando essa mesma qualidade diariamente, até nas pequenas coisas. Conhecemos a importância do trabalho intenso no sentido de desenvolver formas-pensamento positivas. Nosso pensamento possui requintes de vibração que se manifestam através de formas e cores no mundo mental, e na maioria das vezes no espiritual, pois quase todo pensamento possui uma carga elevada de emoção.

Na condição de causa e efeito, “construir” e “projetar” formas mentais é de grande responsabilidade pessoal. Por isso, devemos praticar essa meditação, desenvolvê-la na qualidade de exercício diário. Os espíritos superiores conhecem a construção dos nossos (bons/belos) anseios e identificam as necessidades que farão parte da nossa consciência e crescimento espiritual.

 Com paciência e perseverança aprenderemos transmutar nossos sentimentos menores e teremos assim, formas-pensamentos mais sólidas e benéficas para o nosso corpo e alma.

Afinal, muitas vezes, antes de uma situação se materializar neste plano, ela já é desenhada na esfera espiritual.

 

Você já sonhou hoje?

 

É muito importante a compreensão e o estudo do sono e dos sonhos para um conhecimento mais amplo do fenômeno da emancipação da alma e das experiências vivenciadas pelo Espírito neste estado de liberdade.

 

“À semelhança da morte, em que o Espírito se liberta com facilidade do corpo mediante conquistas anteriores de desapego e renúncia, reflexões e desinteresse das paixões mais vigorosas, no sono há uma ocorrência equivalente, pois que o ser espiritual possui maior ou menor movimentação conforme as suas fixações e conquistas."

 

No Livro dos Médiuns, Allan Kardec nos diz :

 

"As manifestações visuais mais comuns têm lugar durante o sono : são as visões. - Os sonhos podem ser :

 

- Uma visão atual das coisas presentes ou ausentes ; - Uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro; - Quadros simbólicos que os Espíritos  fazem passar sob nossos olhos para nos dar úteis advertências e salutares conselhos, se são bons Espíritos;- "Induzir ao erro ou lisonjear paixões, se são Espíritos imperfeitos." No estado de emancipação da alma, o Espírito se desloca do corpo físico, os laços que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o corpo perispiritual age com maior liberdade.  Allan Kardec tece comentários muito importantes acerca dos sonhos, nos quais há uma emancipação da alma, enquanto o corpo repousa.

  • "O sono liberta parcialmente a alma do corpo."
  • "O Espírito jamais está inativo."
  • "Têm a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro."
  • "Adquire mais poder (pela liberdade de ação delimitada pelo grau de exteriorização) e pode entrar em contato com outros Espíritos encarnados ou desencarnados."
  • "O sono coloca o homem num estado em que estará de maneira permanente após a morte."
  • "Enquanto dormem, alguns Espíritos procuram aqueles que lhes são superiores (estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos).
  • "Os Espíritos inferiores irão aos lugares com os quais se afinizam."

Sonhos - Classificação:

Martins Peralva, no livro "Estudando a Mediunidade", propõe a seguinte classificação dos sonhos :

SONHOS COMUNS: São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia. São muito freqüentes dada a nossa condição espiritual.

"Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo de impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília. (...)" (3)

SONHOS REFLEXIVOS: Há maior exteriorização que nos sonhos comuns. O Espírito registra acontecimentos, impressões e imagens, arquivadas no subconsciente, isto é, no cérebro do corpo fluídico, ou perispírito.

SONHOS ESPÍRITAS: Há mais ampla exteriorização do perispírito. Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma atividade real no plano espiritual. Léon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.

Recordação dos Sonhos

Na questão 403, do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga :

"Por que não nos lembramos de todos os sonhos ?"

R : - "Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo."

Algumas considerações em torno da resposta acima :

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso auto-descobrimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens e lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.

Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico.

Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a situações e Espíritos inferiores.

Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos espíritas, vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece, à meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos.

 

Entrevista concedida a jornalista espírita Cristina Braga

com Pedro Camilo, autor do livro Yvonne Pereira, uma heroína silenciosa da Editora Lachâtre.

 

EV -- Por que o seu interesse em Yvonne Pereira?

R: Meu interesse pela vida de Yvonne Pereira surgiu em janeiro de 1999, quando estudava o livro As mulheres médiuns, de meu saudoso conterrâneo Carlos Bernardo Loureiro, e li as referências biográficas sobre ela. A partir de então, um profundo sentimento de simpatia e afinidade pela vida da médium foi tomando conta de mim, e mais cresceu quando percebi que poucas pessoas conheciam a sua obra. Entendendo que sua contribuição para a Doutrina Espírita tinha sido fecunda, resolvi pesquisar sua vida e sua mediunidade, transformando o material colhido em livro.

 

EV -- Como foi a pesquisa sobre a vida de Yvonne?

R: A pesquisa foi muito enriquecedora. Começou em abril de 1999, quando Raul Teixeira me colocou em contato com Augusto Marques de Freitas, presidente do Centro Espírita Yvonne Pereira, na cidade de Rio das Flores, Rio de Janeiro, que acabava de publicar uma biografia sobre a médium. Atrelado aos estudos das obras de Yvonne, busquei as pessoas que a conheceram de perto, podendo travar amistosos contatos com Affonso Soares, Jorge Rizzini (recentemente desencarnado), Domério de Oliveira, Divaldo Franco, Miltes A. S. C. Bonna e muitas outras pessoas. Também tive a felicidade de conhecer o casal Mauro e Elisabeth Operti, sendo esta sobrinha de Yvonne, que guarda os papéis e documentos da médium, com material inédito. Cercada de surpresas e grandes descobertas, a pesquisa para o primeiro livro durou cerca de quatro anos, que foram coroados com a publicação do Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa. Aliás, esse título foi inspirado em expressões carinhosas tecidas por Chico Xavier sobre a médium, já que eram muito amigos.

 

EV -- Você deve ter encontrado muita coisa sobre ela. Foram dois livros ou pode ser que tenhamos mais?

R: A princípio, foram dois livros: Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa, onde realizo um "estudo biográfico" da vida da médium, analisando sua maneira de lidar com a Doutrina, a mediunidade, os seus conflitos existenciais e outras informações, e Pelos caminhos da mediunidade serena, em que são apresentadas entrevistas da médium, algumas inéditas, bem como outros textos esparsos, esquecidos em livros e  periódicos. Tenho pensado, sim, em publicar mais alguma coisa sobre Yvonne Pereira. No entanto, penso que o momento é propício para colher os frutos das duas primeiras obras para, só depois, avaliar o material que ainda resta e a viabilidade de sua publicação.

 

EV -- Qual a importância de Yvonne Pereira para o movimento Espírita brasileiro?

R: Yvonne do Amaral Pereira representa um dos exemplos mais eloqüentes da força que o Espiritismo exerce sobre as criaturas, levando-as à transformação de si mesmas. Ela reencarnou trazendo, consigo, o peso de muitos equívocos do passado, dentre eles a prática do suicídio, encontrando na mediunidade um caminho seguro para ficar em paz com a própria consciência. Através desse instrumento, trabalhou durante toda a vida em favor dos pobres, dos deserdados da sorte, dos infelizes de ambos os planos, nunca se utilizando da mediunidade para benefício próprio, sem jamais ter recebido um centavo sequer pelas obras que psicografou ou escreveu, desencarnando na pobreza e deixando, apenas, o seu legado mediúnico para a posteridade. De uma fidelidade irrepreensível a Kardec e a Jesus, não era de pensar uma coisa e dizer outra; suas posturas eram muito claras e positivas, o que lhe rendeu um pouco de antipatia dos "poderosos" do Movimento Espírita da época. A seriedade do seu trabalho pode ser avaliada pela natureza dos Espíritos que a assessoravam: Bezerra de Menezes, Léon Denis, Eurípedes Barsanulfo, Bittencourt Sampaio e Leon Tolstói são nomes que estiveram ao seu lado durante toda a vida. Yvonne representa, assim, um exemplo de mediunidade vivida à luz do Evangelho, a que gosto de chamar demediunidade serena.

 

EV -- Quais os pontos de sua vida que mais lhe chamam atenção? Por quê?

R: O que mais aprendi com Yvonne foi o fato de que "médium também é gente". Até estudar sua vida, ainda guardava a idéia equivocada de que os médiuns eram pessoas especiais, com poderes sobrenaturais e atribuições divinas... Estudando a médium, descobri, por detrás do mito, a pessoa, a "gente" que, aliás, se esconde por trás de todos os médiuns que conhecemos. Ser médium não é ser melhor do que ninguém; é ser igual, embora de um jeito diferente. A Yvonne-pessoa que descobri me encantou muito mais do que a Yvonne-mito, porque entendi que, apesar de todas as nossas imperfeições, de todos os defeitos, somos capazes de "vencer o mundo", como assinalava Jesus, exatamente porque entendi que Yvonne o venceu, não obstante todas as suas dificuldades existenciais. Assim, o seu exemplo de superação é o que mais me encanta na sua história.

 

EV -- Na sua pesquisa, quais as descobertas que mais lhe impressionaram?

R: Muito me impressionaram as histórias de suas encarnações, cujos relatos se iniciam no conto "Evolução", do livro Sublimação, e desembocam nas experiências da existência que teve em Portugal, no século XIX, quando comete suicídio nas águas do Rio Tejo e reencarna, depois, no Brasil. Detalhes de sua amizade com Chico Xavier também foram objeto de muita alegria, bem como descobrir que trabalharam juntos, durante muito tempo, em Pedro Leopoldo. E fico a imaginar como eram aquelas reuniões, tendo Chico e Yvonne presentes, atuando como médiuns... Outro ponto alto foi saber da ligação muito íntima de Yvonne com Dr. Bezerra de Menezes: ambos foram, respectivamente, filha e pai, no livro Nas voragens do pecado, quando ela se chamava Ruth-Carolina e ele, Carlos Felipe I. Algumas outras descobertas não puderam ser publicadas, haja vista que necessitam de maiores confirmações, mas penso -- quem sabe? -- em fazer delas o objeto de uma outra publicação.

 

EV --O que mudou na sua vida após a publicação do livro sobre Yvonne?

R: Tenho dito que bem poderia dividir minha vida em "antes de Yvonne" e "depois de Yvonne". Mergulhar na sua história me fez amadurecer enquanto espírita e, sobretudo, enquanto gente. Os livros, ao passo que me proporcionaram grande alegria por poder contribuir com o Movimento Espírita, me lançaram numa seara de grande responsabilidade. Porque é grave responsabilidade escrever livros espíritas; mais ainda, quando nos tornamos divulgadores da vida de grandes personalidades, como foi Yvonne Pereira. Desde o ano de 2003, quando lancei a primeira edição do primeiro livro, já se vão cinco anos de trabalho intenso. Tenho percorrido toda a Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro "levando" Yvonne Pereira e sua obra, o que tem contribuído, estou certo disso, para o esclarecimento de muitas pessoas. E isso é motivo de alegria, sim, mas também de muita reflexão.

 

EV -- Qual a sua opinião sobre a literatura espírita (mediúnica ou não) de hoje?

R: Penso que a literatura espírita, mediúnica ou não, dos nossos dias, está muito aquém do que deveria ser. Infelizmente, o interesse comercial, a falta de critérios e o descompromisso com a Causa do Espírito têm levado à publicação de obras sofríveis, no estilo e no conteúdo, com informações apócrifas e que prestam verdadeiro desserviço à Doutrina. É o preço da democracia, posto que concordo com o Espírito Deolindo Amorim que, no livro mediúnico Convite à reflexão, recentemente lançado pela Publicações Lachâtre, afirma ser positivo, sim, que todos possam publicar aquilo que desejem, mas que, por outro lado, é preciso ensinar os adeptos do Espiritismo a conhecer a Doutrina, a fim de que eles mesmos sejam capazes de selecionar as obras e excluir, de forma natural, o que não mereça crédito. É um trabalho, portanto, que cada grupo espírita deve realizar, o de conscientização do seu público. Mas... o que fazer, se grande parte dos dirigentes do Movimento, por falta de estudo criterioso, segue alienada e cega, diante de tantas incertezas?

 

EV -- Poderia nos deixar uma mensagem?

R: É preciso estudar Allan Kardec com verdadeiro sentimento Cristão! Mais do que nunca, necessitamos das luzes de seus ensinamentos para nos conduzirmos em meio a tanta confusão. É verdade, sim, que precisamos de fraternidade, de tolerância uns para com os outros. Mas tolerar pessoas não deve significar ser conivente com os seus erros. Jesus soube viver no meio das víboras, suportando suas imperfeições; contudo, embora respeitasse as pessoas, em momento algum foi parcimonioso com seus equívocos. Precisamos, no Movimento Espírita, aprender a dizer a verdade, como fazia Jesus, que foi espelho de Yvonne Pereira, que também nunca se calou diante dos equívocos e dos absurdos de seu tempo. Queremos estar em paz com os homens ou com a nossa própria consciência? Que Jesus nos abençoe!

 

 

 

 

 

 

 

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